Crédito da foto: UEL
Trabalho é realizado pela Central de Transplantes Macrorregional, através da Cihdott e Organizações da Procura de Órgãos
Um trabalho permanente, diário e que, literalmente, leva muitos a enxergar a vida com outros olhos. Essa é a rotina da Central de Transplantes Macrorregional Caruaru, através da Comissão Intra-hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) e das Organizações da Procura de Órgãos (OPO), cujo trabalho de captação surtiu um efeito positivo no primeiro semestre (janeiro a junho) de 2024: o número de doação de córneas registrou um aumento de 84%.
No mesmo período de 2023, foram 64 córneas de 32 pacientes (cada paciente doa dois tecidos). Neste ano, 59 pacientes doaram 118 córneas. O resultado é comemorado pelas instituições responsáveis. “O trabalho de captação exige muita sensibilidade, pois acabamos adentrando num momento de muita vulnerabilidade dos familiares. Então, tudo é feito com muito profissionalismo e muito diálogo”, explica a coordenadora da macrorregional Caruaru, Raianne Monteiro.
Outro ponto destacado pela coordenadora é a conscientização das famílias dos doadores, que, embora num momento de perda, solidarizam-se com a possibilidade de ajudar outras pessoas. “Há resistência e medo, ainda, por parte dos familiares, que são as pessoas que podem autorizar a doação. Quando conseguimos um sim, além de comemorarmos a captação, parabenizamos quem se sensibilizou com a causa”, pontua Raianne.
A córnea compõe a parte anterior do globo ocular, só pode ser doada após o falecimento e deve ser captada de seis a 12 horas após a parada cardíaca. Trata-se de um tecido transparente e que desempenha papel fundamental na formação da visão. Diferentemente de órgãos como o coração – que precisa ser transplantado em no máximo quatro horas – e o fígado – em até 24 horas –, por exemplo, a córnea tem uma sobrevida de até 14 dias.
Atualmente, há 1380 pessoas na lista de espera por córneas em Pernambuco. “O receptor das córneas é apontado pela Central Estadual de Transplantes, que regulariza a lista de espera no estado”, esclarece a coordenadora. É importante frisar que, no Brasil, só a família pode autorizar a doação de órgãos. “Recomendamos que esse seja um assunto dialogado com os familiares, pois é imprescindível que se tenha conhecimento do desejo de ser um doador. E a gente não deve perder a oportunidade de ajudar o próximo”, finaliza.