
Iniciativa da Secretaria de Cultura de Pernambuco e da Fundarpe lança ilustrações inéditas para colorir, aproximando crianças e famílias da riqueza da cultura popular do Estado
Em terra de Lia de Itamaracá, Luiz Gonzaga, La Ursas, frevo e muita cultura popular, não poderia haver melhor momento para celebrar o mês das crianças do que promovendo uma atividade lúdica e educativa que aproxima os pequenos do patrimônio cultural pernambucano. Para incentivar as novas gerações a conhecerem um pouco mais da riqueza cultural do Estado, a Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) lançam ilustrações inéditas para colorir.
A proposta é oferecer às crianças acesso direto a símbolos, personagens e tradições que compõem o vasto mosaico cultural de Pernambuco. Cada traço, cada cor, se transforma em uma porta de entrada para a valorização da identidade e da memória coletiva, estimulando a imaginação e despertando o interesse pela cultura popular desde cedo.
Ao disponibilizar esse material, o Governo busca aproximar as novas gerações de um legado cultural pulsante, que faz parte da identidade do povo pernambucano. Trata-se de um convite para que crianças conheçam, desde cedo, figuras como Lia de Itamaracá, Luiz Gonzaga, os Caretas de Triunfo, os Caiporas de Pesqueira, os Caboclos de Lança, além de equipamentos icônicos como o Cinema São Luiz e a Torre Malakoff.
“Ao colorir estas páginas, as crianças passam a integrar simbolicamente essa tradição, reconhecendo e se conectando com manifestações que formam a base da nossa memória coletiva. É uma forma de garantir que nossa cultura popular siga viva, transmitida de geração em geração”, destacou a secretária de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula.
Na mesma direção, a presidente da Fundarpe, Renata Borba, ressalta que a ação ultrapassa o caráter de lazer. “Mais do que um passatempo, é um convite para fortalecer nossas raízes, inspirar orgulho e estimular a curiosidade das crianças em relação ao patrimônio cultural pernambucano”.
Com ilustrações assinadas pelo designer Yuri Sousa, da Gerência de Comunicação da Secult e Fundarpe, cada traço se transforma em um instrumento de cidadania cultural, permitindo que as crianças aprendam brincando sobre a diversidade e a criatividade do povo pernambucano. O material já pode ser baixado gratuitamente no portal Cultura PE, através do link: https://www.cultura.pe.gov.br/canal/patrimonio-cultural-3/fundarpe-e-secult-pe-celebram-o-dia-das-criancas-com-ilustracoes-ineditas-para-colorir/
Conheça um pouco sobre a história de cada patrimônio presente no bobbie cults:
Caretas de Triunf
Em Triunfo, Sertão do Pajeú, vivem os Caretas, figuras grandiosas que desfilam pelas ladeiras da cidade com suas máscaras e roupas coloridas. A gente sabe que eles estão chegando porque de longe se escuta os chocalhos pendurados nas tabuletas que usam como cinto e dos relhos, nome dado aos chicotes. Tradição única no Estado, os Caretas de Triunfo existem há mais de 100 anos. Em 1917 um home foi excluído de uma festa de Reisado porque tinha bebido demais. Irritado com a situação, ele colocou uma máscara e saiu pelas ruas fazendo barulho e sem ser reconhecido. A moda pegou e outras pessoas começaram a se vestir de forma extravagante saindo pela cidade de forma anônima, criando grupos e transformando ao longo dos anos um fato que poderia ter sido isolado em uma das maiores tradições culturais do Carnaval de Pernambuco.
Lia de Itamaracá
Na Ilha de Itamaracá, Lia canta e o mar responde. Seu nome verdadeiro é Maria Madalena Correia do Nascimento, mas o mundo a conhece como Lia, uma artista cirandeira que fez da beira da praia um palco e da ciranda um símbolo da cultura pernambucana. Desde os anos 1960, sua voz único ecoa entre o som das ondas e o batuque dos tambores, convidando todos a darem as mãos e girarem juntos. Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2005, Lia de Itamaracá viaja o Brasil e o mundo, sendo uma embaixadora da cultura popular pernambucana. Dona de uma força ancestral, ela já atua há mais de seis décadas na música e transformou a ciranda em símbolo da identidade pernambucana, levando sua arte dos terreiros de areia à cena internacional, sem nunca deixar de ser filha da ilha e guardiã de sua cultura.
Cinema São Luiz
Inaugurado em 1952, o Cinema São Luiz é um dos maiores ícones arquitetônicos e culturais do Recife. Localizado no coração da cidade, às margens do Rio Capibaribe, é um dos equipamento culturais geridos pelo Governo de Pernambuco através da Fundarpe. O Cinema São Luiz é um dos últimos cinemas de rua em atividade no Brasil e um dos mais emblemáticos por preservar, até hoje, o seu projeto original em estilo cine-teatro. Contando com uma rica concepção artística e arquitetônica, ele representa um marco na história cultural de Pernambuco e segue em melhorias para continuar sendo um espaço de referência.
Luiz Gonzaga
Do sertão de Exu para o mundo, Luiz Gonzaga levou o som da sanfona e o coração do Nordeste. De chapéu de couro e sorriso aberto, cantou o amor, a seca, o baião e a vida do povo sertanejo com uma verdade que atravessa gerações e continua influenciando todos nós até hoje, mais de 30 anos após sua morte. Conhecido como Mestre Lua e Rei do Baião, Gonzaga fez o Brasil dançar ao som de “Asa Branca”, “O Xote Das Meninas” e “Numa Sala de Reboco”, só para citar algumas de suas músicas mais conhecidas. Ele foi, e continua sendo, umas das mais poderosas vozes do Nordeste e mostrou que nossa Região é resistência, poesia e música.
A La Ursa
“A La ursa quer dinheiro, quem não dá é pirangueiro”. Quem nunca ouviu essa musiquinha, sendo cantada por crianças e adultos fantasiados de ursos? Personagem brincalhão que sai às ruas do Recife e Região Metropolitana na época do Carnaval, a La Ursa é um dos símbolos da cultura pernambucana. A tradição vem das antigas, com origem nas folias de reis, da cultura cigana e nas festas populares do interior. Fantasiado com roupa peluda e máscara de urso, o personagem mistura medo e riso. No meio da multidão, a La Ursa é o lembrete de que o Carnaval de Pernambuco é, acima de tudo, invenção e liberdade.
Caboclo de Lança
Brilho, força e ancestralidade. O Caboclo de Lança é um dos personagens mais marcantes do Maracatu Rural. Com sua lança adornada de fitas, a gola colorida e o rosto coberto por uma máscara, ele desfila com imponência, guardando os segredos e a mística de sua tradição nascida no início do século 20 na Zona da Mata de Pernambuco, entre os trabalhadores das plantações de cana-de-açúcar. Cada passo é ritual, cada gesto tem peso e beleza. O som dos metais e o canto do mestres abrem caminho para esses guerreiros do campo, que dançam e enfrentam o cansaço com o mesmo orgulho de quem carrega séculos de história e resistência. Muito presentes na época do Carnaval, os Caboclos de Lança são um dos maiores símbolos culturais do Estado.
Torre Malakoff
A Torre Malakoff é um importante monumento localizado no Bairro do Recife. Ele foi construído no século 19 (com materiais provenientes da demolição do Forte do Bom Jesus) para servir como observatório astronômico e portão monumental do Arsenal da Marinha. O caráter militar da obra está presente em sua fachada e na simetria de sua planta lembrando também mesquitas do Oriente. No ano 2000, a Torre foi transformada em espaço cultural com destaque para a música e a fotografia. São cinco salas de exposição, além de espaços educativas e administrativos. Na área externa, um anfiteatro serve como espaço para diversos eventos. A Torre Malakoff é um monumento tombado e um dos equipamentos culturais geridos pelo Governo de Pernambuco através da Fundarpe.
Caiporas de Pesqueira
Os Caiporas de Pesqueira também são uma manifestação cultural popular do carnaval. Brincalhões e dançantes, eles são conhecidos por andarem vestidos de paletós coloridos, cabeças grandes feitas com estopa e um visual divertido e misterioso, que brinca com as proporções do corpo. Fazendo alusão às caiporas, figuras indígenas protetoras das matas, esse personagem nasceu nos anos 1960 em Pesqueira, na entrada do Sertão pernambucano, se tornou um símbolo de irreverência e resistência cultural no agreste do estado.