Você viveu alguma discriminação relacionada a sua cor, cabelo ou raça? Testemunhou situação similar ou gostaria de se expressar sobre o assunto? Na exposição “*Memórias: enfrentamento ao racismo*”, montada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) em parceria com o Laboratório de Expografia do Curso de Museologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o público é convidado a interagir em três espaços, podendo registrar sua história pessoal, refazer narrativas e manifestar opinião sobre toda forma de violência racista.
A mostra, que tem o apoio da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), foi aberta na última sexta-feira (05/04) na Galeria Massangana do Museu do Homem do Nordeste, em Casa Forte, no Recife, onde permanecerá em cartaz até 16 de junho.
Na exposição, a atuação do Grupo de Trabalho de Combate à Discriminação Racial (GT Racismo) do MPPE ao longo dos últimos 22 anos – o mais antigo em atuação no Brasil – é contada por meio de fatos históricos e de registros extraídos de processos e de outros procedimentos em defesa de vítimas de crime de racismo.
Frases como _“Eu quero saber quem foi a pessoa que deixou essa macaca entrar”_ e _“Foi espancado, ameaçado, discriminado de negro safado”_ estão exibidas em flâmulas de _voile_. Ao mesmo tempo, o pensamento de quem combate o racismo também está impresso, a exemplo do escritor indígena e mais novo membro da Academia Brasileira de Letras, Aílton Krenak.
Numa linha do tempo, demarcada pelos anos de atuação do GT Racismo do MPPE, o visitante pode contar sua vivência com qualquer forma de racismo. Em outro momento, é convidado a deixar sua impressão acerca de pinturas e audiovisuais de jovens artistas que falam de racialidade em suas obras: Amanda de Souza, Andressa Demski Rocha, Mavinus, Kênia Lua, Ronni FX e Ziel Karapotó. E, por último, ainda pode montar uma narrativa, num retroprojetor, a partir de figuras de “amas de leite”, personagens do Brasil escravagista.
A mostra tem a curadoria dos professores Alexandre de Jesus e Elaine Müller, do Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE, e do doutorando em antropologia Cássio Raniere. É uma iniciativa das divisões que cuidam da memória e dos arquivos do MPPE.