Artigo:. Cancelamento Digital!

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Após a repercussão negativa e o crescimento das fake news — como a falsa alegação de que haveria cobrança de imposto sobre transações — o governo federal recuou e decidiu revogar a norma da Receita Federal que determinava o monitoramento das movimentações financeiras, incluindo o Pix e outros meios, como o cartão de crédito. A informação foi confirmada pelo secretário da Receita Federal, Robison Barreirinhas, que afirmou que a decisão foi tomada em conjunto com o presidente Lula.

A internet, em tempos recentes, abriu portas para que qualquer indivíduo tivesse voz e espaço para expressar suas opiniões, sejam elas relevantes ou irrelevantes. O espaço, antes restrito a uma elite comunicacional, tornou-se vasto e “democrático”, permitindo que todos se manifestassem. Porém, surge uma questão importante: até que ponto essas opiniões devem influenciar as decisões políticas e os rumos traçados pelos nossos governantes?

Em um cenário que evidencia essa questão, o presidente Lula anunciou, no dia 14 de janeiro, a nomeação de Sidônio Palmeira, publicitário baiano, como novo ministro da Secretaria de Comunicação Social, substituindo o deputado federal do Rio Grande do Sul e jornalista Paulo Pimenta. Dando uma clara indicação de alteração na estratégia de comunicação do governo, especialmente após as duras críticas de Lula à área no fim do ano.

Em seu discurso de posse, o novo ministro ressaltou que o combate às fake news não deve ser uma responsabilidade exclusiva do governo. “A mentira disseminada nos ambientes digitais cria uma cortina de fumaça que manipula pessoas, ameaça a humanidade e aprofunda o negacionismo, a xenofobia e as violências raciais e de gênero”, afirmou.  Sidônio, que foi marqueteiro da campanha vitoriosa de Lula em 2022, destacou ainda que nunca teve ambição de ocupar um cargo público, mas acredita que a política e a gestão pública são fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa.

Por outro lado, a onda de desinformação continua a ter um impacto massivo. Um exemplo disso é o vídeo do deputado Nikolas Ferreira, que atacou a medida de monitoramento das transações financeiras, alcançando 217 milhões de visualizações — o mesmo número de habitantes do Brasil, segundo o IBGE. Em um contexto onde a disseminação de informações ou (desinformações) se tornou uma arma poderosa, ninguém imaginaria que, no contexto do “cancelamento digital”, assistiríamos a protestos, pedidos de impeachment e até revogações de medidas.

A grande pergunta que fica no ar é: Até onde as fake news ou, em alguns casos, as verdades distorcidas irão nos levar? Esse fenômeno tem o poder de moldar, influenciar e até reverter decisões governamentais, e o futuro da comunicação digital permanece incerto. No entanto, o impacto já é evidente, e os próximos passos exigem uma reflexão profunda sobre os limites e os danos que a desinformação pode causar.

Por Mateus Carvalho

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